Ao começar a escrever esse post, me lembrei de uma série de referências ligadas a montar um negócio, que gosto e acredito muito.
Jason Calacanis contou que muitas novas empresas que ele conhece não investiram nada, tiveram custo zero (além do tempo dos fundadores). Eu acredito e gosto de negócios assim. Com custo e overhead inicial muito baixo. Ao lançar um negócio, você está fazendo uma aposta e apostar menos dinheiro e mais em criatividade e trabalho pode ser a melhor saída, em especial no Brasil que o acesso a crédito e pequeno e não há muitos investidores dispostos a apostar em pequenas/novas empresas, como há nos EUA.
Valer um bilhão, ou faturar um milhão? Me parece que tem mais gente sonhando em montar o próximo Google, Facebook ou Twitter, do que pensando em montar um negócio que vai faturar um milhão por ano. Acredito que ao montar um negócio devemos pensar em quanto tempo vamos faturar nossos primeiros R$1.000? Em quanto tempo vamos faturar por mês R$10.000, R$100.000? Acho que é mais produtivo, na minha visão de mundo, focar em negócios que começam a gerar receita desde o primeiro dia de operação. E se você juntar esse modelo com o de cima (investimento inicial zero), você pode entrar no azul muito mais rápido.
Bob Wollheim foi a um seminário nos EUA e contou que lá surgem mais e mais empresas/sites que buscam ser indepentendes, diferentes. No termo americano: “indie”. Quem quer montar um negócio quer montar algo com a sua cara, com seu jeito, com sua visão. Uma franquia não entra nessa definição e é um híbrido entre emprego e negócio. Você é dono do seu negócio, mas ainda tem um patrão (o franqueador). Não é isso que eu desejo para mim. E acredito mais ainda que seguir seu caminho próprio tem cada vez mais chance de dar certo.
O livro Rework tem uma dica que considero muito valiosa: coloque um pouco de você dentro do seu produto. Isso vai te diferenciar, tornar seu negócio mais humano, mais próximo dos clientes e muito mais difícil de ser copiado. Quando eu li esse trecho, parecia que era uma coisa que sabia há muito tempo e não tinha percebido. Fez muito, muito sentido para mim, na minha maneira de tocar meu negócio.
Aliado a essa individualização, acredito muito numa série de boas práticas, que facilitam e melhoram a eficiência de um negócio. É nos processos, na prática de benchmarking que acredito estar hoje o diferencial das grandes empresas. Os produtos delas são em geral mais sem graça, menos inovadores, feitos para a “média”. O grande diferencial é que essas empresas têm processos e escala. E processos bem definidos podem ajudar muito no aumento da eficiência e produtividade, aumentando a rentabilidade. Eu acredito que todo pequeno/novo negócio deve buscar aumentar sua produtividade/lucratividade descobrindo as melhores formas de fazer cada etapa da sua produção (mesmo que seja serviço) e criar maneiras de estabelecer isso como padrão.
É possível inclusive incluir processo para melhorar e inovar. Nesse caso, eu acho essencial ter o tempo e a tranquilidade para pensar, estudar e observar coisas novas.
Outra coisa que no Brasil não é bem aceito é o fracasso, o insucesso de um novo negócio. Faz parte errar. Só não erra quem não tenta. Acredito que aceitar o fracasso/erro/insucesso como parte da vida do empreendedor é fundamental para o Brasil ter mais empreendedores de sucesso. Eu já errei muitas vezes e sempre procuro fazer um atestado de óbtido, dissecando o que deu errado, o foi mal, e procurando aprender, para fazer melhor/diferente da próxima vez. Mesmo que em uma situação completamente diferente.
Começam a surgir mais e mais cursos de empreendedorismo. Eu acredito que a principal coisa que um empreendedor deve procurar aprender é vender bem. Vender é ciência e arte. É difícil e geralmente é o maior gargalo para lucratividade.
Outra coisa que acredito muito é o que o pessoal da Babson diz: a principal qualidade de um bom empreendedor é ser unstoppable, ou imparável. Os problemas, dificuldades e frustações são muito comuns. A vida de empreendedor é muitas vezes uma montanha-russa. Ser capaz de continuar, mesmo com tudo contra, é fundamental. Só depois da tempestade é que vem a calmaria. Dentro dessa linha, li ontem um ótimo tweet do Julio Daio Borges: “A arte não é a de começar, @GuyKawasaki, é a de continuar”.
O Leo Kuba citou um projeto que eu ainda não conhecia, que quer criar um milhão de pequenos negócios. Uma iniciativa como essa seria muito bem vinda no Brasil.
Em resumo: minha visão para empreender no Brasil é baixo custo, foco em receita (e não em venda da empresa), vendas, processos e em fazer algo que seja muito identificado com você, com seus interesses e paixão.
Este post faz parte da blogagem coletiva sobre empreendedorismo promovida pela Endeavor Brasil, reunindo blogs em torno do tema “O cenário empreendedor no Brasil”.
[O post Empreender no Brasil: algumas sugestões foi publicado em Miguel da Rocha Cavalcanti. Visite e participe. Abs, @mcavalcanti.]